O PROPÓSITO
DAS MISSÕES
Esboço da quarta palestra
Texto básico: 1Co 9.16
Introdução:
1.
Muitas
igrejas e denominações se autoproclamam pensando estar proclamando o evangelho.
Anunciam mais suas logomarcas, programas, templos, presidentes, diretores e
pregadores, como se estivessem evangelizando. A maior barreira para a
evangelização é a má compreensão a respeito do evangelho.
2.
Jesus nos mandou contar a todas as nações as boas
novas, mas não temos feito isso. Por que nós, que temos a melhor notícia do
mundo, somos tão demorados em contá-la aos outros?
a)
Talvez pensemos que estamos evangelizando quando,
de fato, não estamos.
b)
Ou talvez porque ainda não conhecemos de fato o
evangelho de Jesus.
3.
Filosofias
modernas que embaraçam os cristãos modernos:
a)
Hedonismo: busca pelo
prazer e realização pessoal (“Eu tenho o direito de ser feliz”). Tem tentado
extinguir toda chama de abnegação, disposição e sacrifício do crente pela causa
de Deus.
b)
Narcisismo: desejo de ser
belo, e ser reconhecido como tal. É outro elemento que cativa a igreja a andar
em caminhos nos quais se substitui a glória de Deus pela glória humana.
4. Panorama do desafio missionário:
a) Desafio
missionário brasileiro:
v Indígenas: Com mais de
100 etnias sem a presença missionária e sem o conhecimento do evangelho.
v Ribeirinhos: Na bacia
amazônica há 37 mil comunidades ribeirinhas, não há igreja evangélica em 10 mil
delas.
v Ciganos: Cerca de 700
mil não tem contato com o evangelho.
v Sertanejos: Cerca de 6 mil
assentamentos sem a presença de uma igreja evangélica.
v Quilombolas: São 2.000
ainda sem a presença de uma igreja evangélica.
v Imigrantes: Há cerca de
100 países bem representados no Brasil por meio de imigrantes de longo prazo.
27 desses países não há liberdade para o envio de missionário.
v Surdos: Mais de 9
milhões de pessoas no Brasil. Há poucas iniciativas missionárias para
alcançá-los.
v Milionários e
miseráveis: Aqueles
que se fecham em condomínios e aqueles que moram nas ruas, viadutos e estradas.
b) O desafio
missionário mundial:
v Dos 24.000
povos no mundo, 8.000 ainda não foram alcançados com o Evangelho.
v Dos 251 povos
indígenas brasileiros, 103 ainda não têm presença missionária.
v Das 7.158
línguas do mundo, a Bíblia ainda não foi traduzida para 4.000 delas.
v Das 600.000
cidades e vilas na Índia, em 500.000 ainda não tem obreiros cristãos.
v Na China ainda
existem 500.000.000 de pessoas que nunca ouviram falar de Jesus.
v Dentre as mais
de 290.000 igrejas existentes no Brasil menos de 400 delas possuem um
missionário trabalhando com esses povos não alcançados (incluindo nossas tribos
indígenas).
v Acredita-se
que morrem 85.000 pessoas diariamente no mundo sem nunca terem ouvido falar da
salvação em Jesus.
v Menos de 1%
dos recursos da igreja brasileira são investidos na obra transcultural.
5. Sempre trabalhamos com estatísticas missionárias. O mais
contundente, porém, não é saber que parte do mundo não conhece a Jesus, e sim
que a igreja evangélica mundial tem hoje, condições, em termos de recursos
humanos e financeiros, de evangelizar este mundo dezenas de vezes, se estivesse
motivada a fazê-lo.
6. Qual deve ser a nossa motivação para fazer missões? Qual é o
propósito das missões?
I. A primeira motivação é a certeza
total de que estamos fazendo a vontade de Deus:
1. “... pois
sobre mim pesa essa obrigação...”.
2. Paulo não pregava por orgulho próprio, mas por obrigação
divina. Ele não tinha outra escolha, porque Deus, de modo soberano, o havia
separado para a obra.
3. Ninguém entra na obra missionária sem ser
convertido, e ninguém consegue sair da obra missionária quando se é convertido.
Missões não é uma obra pra quem quer ou pra quem gosta, mas pra quem é
convertido.
4. Paulo sabia que não podia se orgulhar da
pregação: ele havia sido chamado para isso, não tinha escolha.
5. Não podemos nos calar. Não podemos sonegar aos povos o
evangelho.
6. Nenhuma outra entidade na terra tem competência e autoridade
para pregar o evangelho. Essa é uma missão da igreja.
II. A segunda motivação é a certeza de
que o evangelho é a única solução para o pecador:
1. “... porque
ai de mim se não pregar o evangelho!”.
2. “ai”: O castigo mais severo está reservado para os pregadores
infiéis.
3. Questionamento: Para onde vão as pessoas que morrem sem nunca terem ouvido
falar de Jesus? Serão salvos? São realmente inocentes? Se eles são salvos, pra
que pregar pra eles? O que a Bíblia diz a respeito?
a) Não há nenhuma garantia bíblica acerca da salvação dos que
nunca ouviram falar de Jesus.
b) A Bíblia diz que não há nenhum inocente (Rm 3.10-12): “como está escrito: Não há justo, nem um
sequer. Não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à
uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”.
c) A Bíblia diz que todos pecaram (Rm 3.23): “pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus”.
d) A Bíblia diz que “todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13). O apóstolo
Paulo indaga: “Como, porém, invocarão
aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como
ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como
está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Rm
10.14-15).
e) Todos os seres humanos são indesculpáveis (ver Rm 1.18-23).
f)
Ronaldo Lidório:
“O homem não é condenado por não conhecer a história bíblica – é condenado por
não glorificar a Deus. Os homens não são condenados por não ouvirem a Palavra –
são condenados, cada um, por seus pecados.”
g) Jesus disse: “Quem
crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc
16.16). Os que nunca ouviram estão inclusos nos que não creem.
h) O nosso dever é pregar (Ez 33.8-9): “Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, morrerás; e tu não
falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua
iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei de ti. Mas, se falares ao
perverso, para o avisar do seu caminho, para que dele se converta, ele não se
converter do seu caminho, morrerá ele na sua iniquidade, mas tu livraste a tua
alma”.
i)
Seria Deus injusto ao condená-los? Deus
seria injusto se tirasse aquilo que é de direito de alguém. Esse não é o caso!
4. Não há salvação fora de Cristo. Jesus é o próprio evangelho.
5. Jesus é o único caminho para Deus. Uma pessoa precisa ouvir
o evangelho para ser salva.
III. A terceira razão é a de que
missões glorificam a Deus:
1. “Se anuncio
o evangelho, não tenho de que me gloriar...”.
2. Paulo diz que sua glória não era pessoal.
Ele não estava orgulhoso como se fosse seu evangelho, não se orgulhava da
maneira como o pregava, como se fosse habilidade dele, e muito menos pregava
para sua própria glória.
3. O propósito maior da evangelização dos povos é que esses
povos todos glorifiquem a Deus e exaltem seu nome.
4. O centro da obra missionária da igreja não é o homem, mas o
próprio Deus.
5. Há júbilo diante dos anjos de Deus, no céu, por um pecador
que se arrepende.
6. A missão maior da igreja é glorificar a Deus (1Co 6.20). É
preciso nos desglorificar para, de fato, glorificar a Deus em nossa vida
diária.
7. Somente olhando para a glória de Deus é que entenderemos os
mártires, as lutas, os sacrifícios e a vitórias.
Conclusão:
1. O hedonismo tenta despertar em nós o
desejo de pensarmos e vivermos apenas para nós mesmos, tornando-nos
indiferentes com os que estão caídos ao longo do caminho, bem como com os que
se perdem sem o evangelho de Cristo.
2. O narcisismo tenta despertar em nós a
vaidade que faz nascer o desejo de sermos reconhecidos, bajulados e mencionados
por outros de forma destacada. Para fazer missões não basta somente colocar a
mão no arado; é necessário buscar um coração puro.
3. Engajar-se na
missão de Deus pressupõe primeiro conhecer a Deus.
4. A glória de
Deus é a chama que acenderá o ardor missionário no coração da igreja.
Sugestão de
Leituras:
1.
Alegrem-se os Povos: a supremacia de Deus nas
missões. John Piper (Editora Cultura
Cristã).
2. Sal e Luz: compreendendo,
vivendo e praticando a missão. Ronaldo Lidório (Editora Betânia).
Sugestão de Filmes:
1. Primeiros Frutos.
2. Bambus no Inverno.